Casamento especial

Tenho tantos acontecimentos importantes que quero deixar aqui registados mas não estou a conseguir gerir esta partilha. Não quero escrever breves linhas e depositar fotografias, antes gravar aqui momentos que me/nos marcaram e que ficam para a vida. Todos diferentes e todos tão importantes! Todos muito (demasiado) próximos uns dos outros, sem tempo nem espaço para reflexões, antes aproveitar cada um da melhor forma. Isso sinto que tenho feito. Zero preocupações nas fotografias "formais" para deixar que os meus olhos, o meu cérebro, acima de tudo o meu coração tenha a capacidade de absorver tudo. 
Seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos, fica aqui o registo do casamento do Fábio Oliveira que me marcou de uma forma tão intensa que até me surpreendeu. Vê-lo casar despertou em mim uma nostalgia que desconhecia... tenho poucas memórias de infância sem incluir os meus vizinhos Oliveira e a minha querida "vizinha". Pensar que cresci com o Sérgio, o pai do Fábio, que vi o namoro com a Célia começar, que fui ao casamento deles - os noivos mais jovens que conheci, que acompanhei todas as gravidezes da Célia, até quando eram ainda "segredo" mas que a vizinha confidenciava pela alegria que não escondia pela chegada de mais netos (mesmo quando começou a ser acima da média). Olhar para o Fábio, o 1.º neto Oliveira, e vê-lo já um homem feito, com uma igreja a abarrotar de pessoas, rodeado pela família gigante, sentir a alegria, a presença espiritual da minha querida vizinha... foi um baque de emoções. Chorei com o cântico de entrada, entoado pelos noivos, emocionei-me com os testemunhos, com as leituras, com as músicas escolhidas, com todos os detalhes da cerimónia que achei a mais profunda de todas as que já assisti. 
Estar ali, ao lado dos meus pais e do meu irmão, fez-me sentir especial, por fazer parte da história daquela família. Senti-me ao mesmo tempo pequenina de novo, com uma avalanche de recordações das brincadeiras de rua, dos lanches de papas de pão com leite e das sandes com manteiga e açúcar na casa da vizinha, dos jogos da macaca na rua até altas horas, dos telefonemas para a família e do colégio para o n.º da vizinha (que ainda sei de cor), da festa de casamento do Sérgio e da Célia no Cangalho e das fotografias nos jardins de Mafra, do nascimento do Fábio e das suas visitas frequentes lá a casa, da sua paixão fomentada pelo mano ao futebol e ao Sporting, dos desabafos da adolescência e das suas "dores de crescimento" partilhadas por ele ou pela avó que o teve sempre num lugar especial, como só o 1.º neto consegue alcançar. Foi uma torrente de emoções, de memórias, de alegrias mas também de saudades... do tempo que já não volta, da presença da vizinha que foi uma referência na minha vida, do tempo que está a passar pelos meus pais e por mim... Fez-me sentir, pela 1.ª vez, de "outro tempo" - velha num sentido que desconhecia. O ser velha não com medo da idade e dos anos que já passaram, mas velha por perceber que a vida não pára, que me fazem falta pessoas que já partiram, que os miúdos de repente são pessoas crescidas, com planos e projectos de vida. Foi uma espécie de choque de realidade, perceber que os meus pais também estão a envelhecer, assim como tantas pessoas que revi ali. Um baque no meu peito por reconhecer que a vida é mesmo uma roda gigante que não pára e que vai deixando para trás tantas coisas inexplicáveis e sem tradução possível como a saudade. Foram 3 horas intensas que deixaram marcas mais profundas do que podia imaginar. Obrigada Fábio pelo convite e muitos parabéns pelo casamento! Nasceste numa família muito especial e é bom ver que segues o caminho que Deus te traçou. Que sejam muito felizes!!!



A foto de família mais especial de sempre com o neto mais velho ao lado do mais novo, ainda na barriga da mãe. Orgulho gigante desta família! 

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